O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidiu libertar Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, que havia sido preso pela Polícia Federal. A desembargadora Solange Salgado revisou o caso após a defesa de Vorcaro apresentar um documento do Banco Central (BC). Este documento detalha uma reunião entre Vorcaro e dois diretores do BC que ocorreu no dia 17 de agosto, horas antes de sua prisão no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Na reunião, Vorcaro comunicou ao BC sua intenção de viajar para Dubai, nos Emirados Árabes, com o objetivo de se encontrar com investidores. O ofício do BC foi assinado por Paulo Sérgio Neves de Souza, que também participou da videoconferência. A defesa de Vorcaro argumentou que sua viagem não era uma tentativa de escapar das investigações, como alegado, mas sim uma ação prévia e informada ao regulador.
Entretanto, o BC destacou que não recebeu nenhuma comunicação escrita sobre a viagem, apenas uma informação verbal durante a reunião, que não foi gravada. O documento foi utilizado pela defesa para mostrar que Vorcaro não tinha intenção de fugir, contrabalançando a alegação da procuradoria de que ele poderia deixar o país para evitar a justiça.
Vorcaro foi preso em um momento em que tentava embarcar em um jato particular com destino a Malta. Após a análise do caso, a desembargadora decidiu substituir a prisão preventiva por medidas cautelares. Ele deverá usar tornozeleira eletrônica, entregar seu passaporte e evitar contatos com outros investigados.
Em sua decisão, a desembargadora observou que a prova apresentada mostrou que Vorcaro havia comunicado sua viagem ao Banco Central, tornando a possibilidade de fuga controlável através de medidas menos severas. O BC também comentou que, durante a investigação que levou à prisão de Vorcaro e outros executivos, seus técnicos relataram uma pressão política sem precedentes para proteger o Banco Master.
Os advogados de Vorcaro solicitaram ao BC informações sobre os detalhes da reunião, uma vez que esses dados não estão geralmente disponíveis ao público. A busca das autoridades pela verdade é parte de um complexo caso que envolve alegações de desvio de mais de R$ 12 bilhões através de contratos falsos entre o Banco Master e outra instituição financeira.
As investigações continuam, e a Polícia Federal ampliará suas apurações sobre as operações bilionárias do Banco Master com fundos de pensão de estados e municípios.