sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Acordo da Disney com IA pode ter efeitos além de Sora

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[email protected] 14 horas atrás - 3 minutos de leitura

Em outubro, a OpenAI lançou o Sora 2, uma ferramenta que gerou uma série de violações de direitos autorais na internet. No entanto, ao invés de processar a empresa, a Disney optou por uma parceria.

No dia 11 de dezembro, a Disney anunciou um acordo que permitirá aos milhões de usuários do Sora utilizar 200 de seus personagens icônicos, como Darth Vader, Elsa e Mickey Mouse. Essa mudança de estratégia é significativa, pois contradiz a postura da Disney, que havia processado a empresa Midjourney em julho, demonstrando uma intenção de proteger sua propriedade intelectual. A nova parceria sugere que a Disney, na verdade, busca ter voz no uso da inteligência artificial, e não simplesmente barrar seu uso.

O impacto dessa decisão é esperado em diversas áreas, tanto em Hollywood quanto na tecnologia. Adam Eisgrau, diretor do grupo de políticas tecnológicas Chamber of Progress, destacou que ações da Disney costumam influenciar o mercado e chamar a atenção do público.

A legalidade do uso de tecnologia de inteligência artificial, especialmente quando se trata de treinar modelos que utilizam obras protegidas por direitos autorais, ainda não está totalmente definida. Eisgrau acredita que a Disney reconhece, ao fazer esse acordo, que o treinamento em inteligência artificial pode ser considerado uso justo, o que é surpreendente dado o histórico rigoroso da empresa na defesa de seus direitos autorais.

Organizações que representam a comunidade criativa ficaram divididas em relação à nova parceria. Enquanto alguns enxergam nela uma oportunidade de garantir que a OpenAI precisa obter licenças para usar os personagens da Disney, outros estão preocupados com o potencial impacto sobre o trabalho artístico. Um porta-voz da Human Artistry Campaign, que inclui vários sindicatos de Hollywood, afirmou que o acordo mostra um movimento do mercado em direção ao reconhecimento do valor da arte humana e a necessidade de compensação aos artistas.

Por outro lado, a Disney parece ter uma posição ambígua sobre o assunto. No dia 10 de dezembro, a empresa fez um pedido à Google para que interrompesse o treinamento de suas ferramentas de inteligência artificial com personagens da Disney, afirmando que não toleraria usos não autorizados. Entretanto, a Disney está permitindo esse uso pela OpenAI e chegou a investir 1 bilhão de dólares na empresa.

A Animation Guild, que não tem jurisdição sobre conteúdo gerado por usuários, expressou preocupações sobre esse acordo. A Disney afirmou que usará as interfaces da OpenAI para desenvolver novos produtos e experiências, algo que Steve Kaplan, representante do sindicato, considera vago, mas que pode ter implicações no processo de produção de animação.

Embora o sindicato tenha buscado salvaguardas mais rigorosas sobre o uso da inteligência artificial em seu contrato do ano passado, muitos membros se sentiram insatisfeitos com as disposições alcançadas, e uma facção mais ativa está pressupondo medidas mais contundentes, incluindo preparativos para uma greve.

A Disney vinha mantendo discussões com a OpenAI há meses, mas o anúncio pegou muitos de surpresa, especialmente os críticos mais vocalizados sobre o uso de inteligência artificial. Um membro do sindicato expressou frustração e afirmou que o grupo precisará investigar essa decisão.

Além disso, a Disney anunciou que alguns vídeos produzidos por assinantes do Sora poderão ser exibidos no Disney+. Essa situação gera preocupações, pois os usuários estariam, essencialmente, pagando para produzir conteúdo para a Disney. Um membro do sindicato disse estar decepcionado e confuso com a decisão da empresa.

A nova abordagem levanta questões sobre como a Disney planeja usar esse conteúdo e se isso servirá para testar novas histórias ou competirá com trabalhos de profissionais, deixando muitos na comunidade criativa apreensivos sobre o futuro.

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