A advogada Viviane Barci de Moraes, casada com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ganhou destaque após a divulgação de um contrato com o Banco Master. Ela é responsável por defender grandes empresas nos setores de educação e saúde em processos que tramitam na corte.
Viviane atua em 31 casos no STF, sendo que entre seus clientes estão a Hapvida, uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, e o grupo SEB, que reúne diversas instituições de ensino, incluindo escolas e uma universidade. A maioria desses processos entrou no STF após a posse de Alexandre de Moraes em 22 de março de 2017. Dos 31 casos, 22 começaram a tramitar após essa data, enquanto três eram de quando Moraes atuava como advogado e cinco foram iniciados durante seu tempo como ministro da Justiça no governo Michel Temer.
O escritório de advocacia fundado por Viviane, chamado Barci de Moraes, não se manifestou sobre a situação. Todos os processos em que ela aparece não têm a assinatura de outros advogados da firma. Além disso, os filhos do casal também são advogados e estão envolvidos em alguns desses casos.
Em 22 de setembro de 2025, Viviane abriu outro escritório, o Barci e Barci Sociedade de Advogados, registrado em Brasília. Na mesma data, o governo dos Estados Unidos impôs sanções financeiras a ela e a um instituto pertencente à sua família, com base na Lei Magnitsky.
Não há uma proibição legal para que familiares de ministros do STF atuem em processos na corte, mas é entendido que um ministro não deve julgar casos de parentes. Além disso, aqueles que se consideram amigos ou inimigos de parentes de colegas podem se declarar suspeitos.
Um dos processos em que Viviane atua é uma reclamação trabalhista de um ex-diretor do SEB, que trabalhou na empresa entre 2018 e 2021. O valor da reclamação é de R$ 591 mil. Viviane solicitou uma liminar para suspender o processo no Tribunal Superior do Trabalho, que foi concedida pelo ministro André Mendonça.
No caso da Hapvida, a situação envolve um processo contra o estado do Amazonas, que rompeu um contrato de fornecimento de seguro saúde prestado pela empresa, alegando que os serviços não estavam sendo prestados em algumas regiões. A Hapvida reivindica o pagamento de R$ 22 milhões e conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça, cujo caso foi posteriormente discutido no STF a pedido da Procuradoria do Amazonas. O então ministro Luís Roberto Barroso decidiu suspender essa liminar, o que contrariou o pedido de Viviane. O mérito do caso não chegou a ser julgado pelo STF devido à perda de objeto, uma vez que houve uma decisão em outro tribunal.
A Hapvida não respondeu às perguntas sobre o assunto, enquanto o SEB também optou por não se pronunciar.
Recentemente, o escritório de Viviane chamou a atenção após a divulgação de que o Banco Master firmou um contrato de 36 meses com a firma, começando em 2024, totalizando pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões. Se o contrato for honrado até 2027, o escritório poderá receber até R$ 129 milhões. Os valores do contrato foram considerados acima da média do mercado. Informações indicam que o contrato foi encontrado no celular de Daniel Vorcaro, dono do banco, que foi preso em novembro. Mensagens mostram que os pagamentos ao escritório eram uma prioridade para Vorcaro.