terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Maduro utiliza ameaças dos EUA para controlar opositores na Venezuela

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[email protected] 16 segundos atrás - 3 minutos de leitura

Enquanto os Estados Unidos intensificam sua presença militar na Venezuela, focando em ações contra supostos traficantes de drogas e apreendendo petroleiros, o governo local mobiliza o exército, busca apoio de aliados e solicita a intervenção da ONU. Observadores afirmam que o presidente Nicolás Maduro está aproveitando a situação para aumentar a repressão a opositores e críticos ao seu governo.

Relatos da Human Rights Watch indicam que o governo venezuelano tem utilizado a pressão externa como justificativa para prender opositores, rotulando-os de “traidores”. Em setembro, a organização documentou casos de pelo menos 19 opositores detidos e mantidos em condições de incomunicabilidade.

No início de outubro, Alfredo Díaz, um ex-governador do Estado de Nueva Esparta, faleceu após um ano preso no Helicoide, a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), em Caracas. Sua família assegura que ele foi negado atendimento médico durante o tempo em que esteve detido.

Recentemente, a Assembleia Nacional da Venezuela aprovou uma nova lei que poderá levar a penas de até 20 anos de prisão para pessoas que apoiem as ações dos Estados Unidos para apreender embarcações de petróleo venezuelano. O autor da proposta, Giuseppe Alessandrello, destaca a regularização das punições a possíveis “infratores”.

A repressão crescente no país foi destacada por Volker Türk, alto comissário da ONU para os direitos humanos, que ressaltou as ameaças e o assédio enfrentados por jornalistas, defensores de direitos humanos e opositores. Esse ambiente de medo é parte de uma estratégia mais ampla de controle social, segundo análises de especialistas.

O histórico de Maduro na política é marcado por controvérsias, especialmente após as eleições de 2024, nas quais ele reivindicou a vitória, apesar de indícios de que seu oponente, Edmundo González, teria recebido um número maior de votos. Durante os protestos que se seguiram, milhares de manifestantes foram detidos. Atualmente, estima-se que haja cerca de 905 presos políticos no país.

Desde 2018, os Estados Unidos consideram o governo de Maduro como ilegítimo, após várias eleições controversas. Acusações de tráfico de drogas e narcoterrorismo pesam sobre o líder venezuelano, que por sua vez critica a intervenção americana como um roubo dos recursos naturais venezuelanos. Em resposta, Maduro encaminhou um pedido formal à ONU, acusando os EUA de agressão.

Na última reunião do Conselho de Segurança da ONU, um representante da Venezuela denunciou ações dos EUA como uma forma de extorsão, enquanto um representante americano descreveu Maduro como um fugitivo que lidera uma organização terrorista.

A opressão se estende a cidadãos comuns. Marggie Orozco, uma médica de 65 anos, foi presa por compartilhar uma crítica política nas redes sociais e foi condenada a 30 anos de prisão. Outros relatos mencionam o caso de Samanta Sofía Hernández Castillo, uma adolescente presa após uma invasão em sua casa, enquanto sua irmã também foi detida.

Famílias de prisioneiros enfrentam dificuldades para se conectar com seus entes queridos. Em uma visita ao Helicoide, uma mulher levou alimentos e produtos de higiene, mas expressou seu desespero com o sistema prisional. As restrições de visitas e a limitação na entrega de alimentos são práticas comuns, conforme relatado por grupos de direitos humanos.

Esses relatos refletem a deterioração das condições de vida e a crescente repressão política na Venezuela, destacando um cenário de incerteza e temor entre a população.

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