segunda-feira, 01 de dezembro de 2025

Nutricionista elogia prato brasileiro e critica obsessão por proteína

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[email protected] 23 horas atrás - 3 minutos de leitura

A indústria de alimentos tem um impacto significativo na maneira como as famílias ensinam seus filhos a se alimentarem. Essa é a opinião de Marion Nestle, pesquisadora renomada em nutrição e professora emérita da Universidade de Nova York. Durante sua visita ao Brasil, ela destacou que a publicidade de produtos ultraprocessados direcionados a crianças dificulta o trabalho dos pais ao educar sobre alimentação saudável.

Marion, que possui doutorado em biologia molecular e mestrado em saúde pública, acredita que quem consome alimentos de verdade, como frutas, legumes, arroz e feijão, não precisa se preocupar excessivamente com vitaminas e minerais. Ela afirma que o essencial é ter uma alimentação variada e equilibrada. Ao experimentar pratos típicos brasileiros, ela elogiou a combinação nutritiva de arroz, feijão, carne e salada, ressaltando que a questão crucial é a quantidade consumida.

Com 89 anos, Marion critica o papel da indústria alimentícia, que, segundo ela, atrai as crianças com produtos que não são saudáveis, criando uma necessidade por alimentos ultraprocessados. Essas opções, normalmente cheias de açúcar e aditivos, podem contribuir para o aumento da obesidade infantil, um problema crescente nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Ela cita estudos que mostram a relação entre a alta ingestão desses alimentos e problemas de saúde como obesidade, diabetes e doenças cardíacas.

Embora Marion reconheça que é possível incluir alimentos ultraprocessados em uma dieta saudável, ela alerta que eles devem representar apenas uma pequena fração da alimentação diária. Em suas obras, como o livro “Uma Verdade Indigesta”, ela aborda como a indústria alimentícia manipula a percepção sobre nutrição e saúde.

Ao discutir o rótulo de alimentos, Marion elogia os modelos brasileiros, que informam de maneira clara sobre os ingredientes. Para ela, um rótulo bem feito facilita a identificação de alimentos ultraprocessados, que geralmente contêm muitos aditivos e substâncias químicas.

Marion enfatiza a importância de expor as crianças a uma variedade de sabores e texturas desde cedo, para que possam desenvolver um paladar saudável. Ela critica empresas que promovem produtos específicos para crianças, o que, segundo ela, minam a autoridade dos pais na hora de fazer escolhas alimentares. Para ela, as crianças devem consumir o mesmo tipo de comida que os adultos, porém em porções menores e com menos açúcar e sal.

Recentemente, o Brasil reduziu o limite de alimentos ultraprocessados nas escolas públicas de 15% para 10%. Marion considera essa mudança positiva, embora reconheça a importância de observar sua implementação prática.

Quanto à popularização de medicamentos para controle de peso, como Ozempic e Wegovy, Marion observa que eles têm gerado interesse nas pessoas, que relatam reduzir o consumo de ultraprocessados. A pesquisa sobre esses medicamentos é intrigante e pode influenciar atitudes em relação à alimentação nos próximos anos.

Essa discussão sobre nutrição e alimentação saudável é crucial, especialmente em um mundo onde as opções de fast food e produtos ultraprocessados são tão acessíveis e atraentes. É importante que as famílias busquem a educação alimentar adequada, fornecendo alternativas saudáveis, a fim de promover um estilo de vida mais equilibrado para as crianças.

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